Fitoterápico
Um medicamento fitoterápico é aquele alcançado de plantas medicinais, onde utiliza-se exclusivamente derivados de droga vegetal[1] tais como: suco, cera, exsudato, óleo, extrato, tintura, entre outros.[2] O termo confunde-se com fitoterapia ou com planta medicinal que realmente envolve o vegetal como um todo no exercício curativo e/ou profilático. Os fitoterápicos são medicamentos industrializados, onde são tratados através de legistação específica.[3]São uma mistura complexa de substâncias, onde, na maioria dos casos, o princípio ativo é desconhecido.[4]
O simples fato de coletar, secar, estabilizar e secar um vegetal não o torna fitoterápico. Deste modo, vegetais íntegros, rasurados, triturados ou pulverizados, não são considerados medicamentos fitoterápicos,[2] em outras palavras, uma planta medicinal não é um fitoterápico. Também não são considerados fitoterápicos os chás, medicamentos homeopáticos e partes de plantas medicinais.[5]
Assim como outros medicamentos, os fitoterápicos quando utilizados de forma incorreta podem proporcionar problemas de saúde.
Definição de órgãos regulatórios
Fitoterápico, segundo a RDC n°48 de 16 de março de 2004 da Anvisa é o medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança é validada através de levantamentos etnofarmacológicos de utilização, documentações tecnocientíficas em publicações ou ensaios clínicos fase 3. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais.[6]
Segundo a OMS, os medicamentos fitoterápicos são aqueles preparados com substâncias ativas presentes na planta como um todo, ou em parte dela, na forma de extrato total.[7]
Utilização na saúde pública
No Brasil, o Ministério da Saúde, torna disponível a utilização de medicamentos fitoterápicos na saúde pública. Desde 2007, as prefeituras brasileiras podem adquirir espinheira santa, utilizada no tratamento de úlceras e gastrites e guaco para sintomas da gripe, como a tosse, ambos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.[8][9]
Através da Portaria interministerial (2.960/2008) assinada pelo Ministério da Saúde do Brasil e outros nove ministérios (Casa Civil; Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Cultura; Desenvolvimento Agrário; Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior; Integração Nacional; Meio Ambiente; e Ciência e Tecnologia) foi criado o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos com objetivo de ampliar a utilização deste tipo de medicamento pelo SUS.[10]
Também em janeiro de 2009, o Ministério da Saúde do Brasil divulgou uma lista com 71 plantas que podem ser utilizadas como medicamento fitorerápico.[11]Eis a composição da lista:
Nome científico
Nome popular
Uso
Achillea millefolium
Mil-folhas, Dipirona
Combate úlceras, feridas, analgesica
Allium sativum
Alho
Anti-séptico, Antiiflamatório e Anti-hipertensivo
Aloe spp (A. vera ou A. barbadensis)
Babosa, áloes
Combate caspa, calvíce e é antisseptico, tira lendia de piolhos e é cicatrizante
Alpinia spp (A. zerumbet ou A. speciosa)
Colônia
Anti-hipertensivo
Anacardium occidentale
Caju
Antisseptico e cicatrizante
Ananas comosus
Abacaxi
Mucolítica e fluidificante das secreções e das vias aéreas superiores.
Apuleia ferrea = Caesalpinia ferrea
Jucá, pau-ferroverdadeiro, ibirá-obi
Infecção catarral, garganta, gota, cicatrizante
Arrabidaea chica
Crajirú, carajiru
Afeções da pele em geral (impigens), feridas, Antimicrobiano
Artemisia absinthium
Artemísia
Estômago, fígado, rins, verme (lombriga e oxíuru, giárdia e ameba)
Baccharis trimera
Carqueja, carquejaamargosa
Combate feridas e estomáquico
Bauhinia spp (B. affinis, B. forficata ou variegata)
Pata de vaca
Bidens pilosa
Picão
Combate úlceras
Calendula officinalis
Bonina, calêndula, flor-de-todos-osmales, malmequer
Feridas, úlceras, micoses
Carapa guianensis
Andiroba, angiroba, nandiroba
Combate úlceras, dermatoses e feridas
Casearia sylvestris
Guaçatonga, apiáacanoçu,bugre branco, café-bravo
Combate úlceras, feridas, aftas, feridas na boca
Chamomilla recutita = Matricaria chamomilla = Matricaria recutita
Camomila
Combate dermatites, feridas banais
Chenopodium ambrosioides
Mastruz, erva-de-santa- maria, ambrosia, erva-debicho, mastruço, menstrus
Corrimento vaginal, antisseptico local
Copaifera spp
Copaíba
Antiinflamação
Cordia spp (C. curassavica ou C. verbenacea)
Erva baleeira
Antiiflamatoria
Costus spp (C. scaber ou C. spicatus)
Cana-do-brejo
Combate leucorréia e infição renal
Croton spp (C. cajucara ou C. zehntneri)
Alcanforeira, herva-mular, péde-perdiz
Combate feridas, úlceras
Curcuma longa
Açafrão
Cynara scolymus
Alcachofra
Combate ácido úrico
Dalbergia subcymosa
Verônica
Auxiliar no tratamento de inflamações uterinas e da.anemia
Eleutherine plicata
Marupa, palmeirinha
Hemorróida, vermífugo
Equisetum arvense
Cavalinha
Diurético
Erythrina mulungu
Mulungu
Sistema nervoso em geral
Eucalyptus globulus
Eucalipto
Combate leucorréia
Eugenia uniflora ou Myrtus brasiliana
Pitanga
Diarréia
Foeniculum vulgare
Funcho
Anti-séptico
Glycine max
Soja
Sintomas da menopausa, oesteoporose
Harpagophytum procumbens
Garra-do-diabo
Artrite reumantoide
Jatropha gossypiifolia
Peão-roxo, jalopão, batata-de-téu
Antisseptico, feridas
Justicia pectoralis
Anador
Cortes, afecções nervosas, catarro bronquial
Kalanchoe pinnata = Bryophyllum calycinum
Folha-da-fortuna
Furúnculos
Lamium album
Urtiga-branca
Leucorréia
Lippia sidoides
Estrepa cavalo, alecrim, alecrim-pimenta
Malva sylvestris
Malva, malva-alta, malva-silvestre
Furúnculos
Maytenus spp (M. aquifolium ou M. ilicifolia)
Concorosa, combra-de-touro, espinheira-santa, concerosa
Antiséptica em feridas e úlceras
Mentha pulegium
Poejo
Mentha spp (M. crispa, M. piperita ou M. villosa)
Hortelã-pimenta, hortelã, menta
Mikania spp (M. glomerata ou M. laevigata)
Guaco
Broncodilatador
Momordica charantia
Melão de São Caetano
Morus sp
Amora
Ocimum gratissimum
Alfavacão, alfavaca-cravo
Orbignya speciosa
Babaçu
Passiflora spp (P. alata, P. edulis ou P. incarnata)
Maracujá
Calmante
Persea spp (P. gratissima ou P. americana)
Abacate
Ácido úrico, prevenir queda de cabelo, anti-caspa
Petroselinum sativum
Falsa
Phyllanthus spp (P. amarus, P.niruri, P. tenellus e P. urinaria)
Erva-pombinha, quebra-pedra
Plantago major
Tanchagem, tanchás
Feridas
Plectranthus barbatus = Coleus barbatus
Boldo
Polygonum spp (P. acre ou P. hydropiperoides)
Erva-de-bicho
Corrimentos
Portulaca pilosa
Amor-crescido
Feridas, úlceras
Psidium guajava
Goiaba
Leucorréia, aftas, úlcera, irritação vaginal
Punica granatum
Romeira
Leucorréia
Rhamnus purshiana
Cáscara sagrada
Ruta graveolens
Arruda
Salix alba
Salgueiro branco
Schinus terebinthifolius = Schinus aroeira
Araguaíba, aroeira, aroeira-do-rio-grande-do-sul
Feridas e úlceras
Solanum paniculatum
Jurubeba
Solidago microglossa
Arnica
Contusões
Stryphnodendron adstringens = Stryphnodendron barbatimam
Barbatimão, abaremotemo, casca-da-virgindade
Leucorréia, feridas, úlceras, corrimento vaginal
Syzygium spp (S. jambolanum ou S. cumini)
Jambolão
Tabebuia avellanedeae
Ipê-roxo
Tagetes minuta
Cravo-de-defunto
Trifolium pratense
Trevo vermelho
Uncaria tomentosa
Unha-de-gato
Imunoestimulante, antiinflamatório
Vernonia condensata
Boldo da Bahia
Vernonia spp (V. ruficoma ou V. polyanthes)
Assa-peixe
Zingiber officinale
Gengibre
Tosse
Etapas de desenvolvimento
Etapa botânica
A etapa botânica refere-se à identificação do material vegetal. Esta etapa é de suma importância, pois diferentes espécies podem ter também efeitos diferentes. Também é avaliado a atividade do vegetal, concentração de seus princípios ativos em diferentes épocas e locais de colheita. Um vegetal pode ser confundido com outro muito facilmente.[12]
Etapa farmacêutica
Determina-se e identifica-se as substâncias de valor no vegetal. Assim é criado a forma de preparo correta, garantindo a estabilidade das amostras.[12]
Etapa de ensaios biológicos
O possível medicamento é testado em ensaios farmacodinâmicos, farmacocinéticos e toxicológicos em animais de laboratório.[12]
Etapa clínica
Esta fase é dividida em quatro seguimentos: na primeira etapa o medicamento é usado em poucas pessoas e são avaliados sus farmacocinética, farmacodinâmica, dosagem e local de aplicação; a segunda etapa testa o medicamento em doentes; a terceira etapa prolonga-se o tempo de uso e na última etapa utiliza-se um número maior de pacientes para confirmar as etapas anteriores.[12]
Notas e referências
↑ "Fitoterápico chega à rede básica". . (página da notícia visitada em 18/01/2009)
↑ 2,0 2,1 Medicamentos Fitoterápicos, no http://www.anvisa.gov.br ; Acesso 24 de Dez de 2008
↑ "PROJETO INVESTIGA USO DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS VENDIDAS NO MERCADO DE ARACAJU". . (página da notícia visitada em 13/01/2009)
↑ DI STASI, Luiz Cláudio, Editora Unesp, Plantas medicinais: verdades e mentiras: o que os usuários e os profissionais de saúde precisam saber, São Paulo: 2007. Página visitada em 13/01/2009.
↑ FAQ - Fitoterápicos. Página visitada em 22/03/2009.
↑ RESOLUÇÃO-RDC Nº. 48, DE 16 DE MARÇO DE 2004, no http://e-legis.anvisa.gov.br ; Acesso 24 de Dez de 2008
↑ Sobre fitoterapia, no http://www.labcat.com.br ; Acesso 24 de Dez de 2008
↑ "SUS vai ampliar uso de medicamentos fitoterápicos em 2009". . (página da notícia visitada em 13/01/2009)
↑ "MS lança Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos". . (página da notícia visitada em 13/01/2009)
↑ "Programa vai ampliar lista de fitoterápicos oferecidos pelo SUS". . (página da notícia visitada em 13/01/2009)
↑ "Governo lista plantas que poderão virar fitoterápicos". . (página da notícia visitada em 14/02/2009)
↑ 12,0 12,1 12,2 12,3 Etapas de desenvolvimento do medicamento fitoterápico. Página visitada em 16/01/2009.
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